São Paulo, 29 de abril de 2010.
Começo este desabafo na certeza da impunidade, de que minhas palavras serão jogadas ao vento e o país continuará da mesma maneira: impunidade, impunidade e impunidade e o que meus pais me ensinaram : ser íntegra, digna, honesta, não valem de nada se moramos em um país como este.
Minha indignação começou em 2001 quando minha mãe morreu de infecção generalizada no Hospital do Coração de Ribeirão Preto, interior de São Paulo.
O hospital encontrava-se em reforma, e após a cirurgia, minha mãe encontrava-se em um quarto que para chegar até lá, era um verdadeiro labirinto, pois eram colunas e colunas de concreto, plásticos, e muito pó. Não poderia dar em outra coisa a não ser uma infecção, que a levou a óbito.
Sem contar do Banco de Sangue do próprio Hospital aqui citado, que ao nos enviar o exame de sangue quando fomos doar para a cirurgia de minha mãe, vieram com o resultado de RH errado, pois desde que me conheço por gente, meu sangue sempre foi RH-, por essa razão tive que fazer exame de compatibilidade quando engravidei e tomar antes e depois uma vacina de prevenção e meu exame veio como positivo, enfim.
Mas, já se passaram quase nove anos e ficamos calados, agora, é meu pai que se encontra entre a vida e a morte em uma cama na UTI da Santa Casa de Leme, também interior de São Paulo por “FALTA” de cuidado e respeito ao ser humano.
Meu pai contribui com seus impostos a vida inteira e quando precisou ser atendido decentemente pelos médicos, não foi o que aconteceu.
Meu pai, encontra-se com derrame cerebral, ocasionado por um coagulo que se formou por estar com gangrena no pé esquerdo porque os médicos mal colocaram a mão no seu pé pra ver o que estava acontecendo.
Sou uma pessoa comum, possuo a profissão mais desvalorizada neste país, “Sou Professora” e sei que o pé dele estava gelado e escuro e por essa razão aquilo não era normal, e os “Senhores Doutores”, só passaram um remedinho ou uma injeção como um renomado ortopedista da cidade fez.
Minha irmã, levou meu pai até a Santa Casa de Leme na Segunda-feira dia 19 de abril, na quinta-feira 23 e no sábado 25 e o que fizeram... NADA.
Não pensem que meu pai não tentou pagar o médico para atendê-lo, mas quem disse que as atendentes dos consultórios atendem o telefone?Não, porque elas dizem que precisam atender os pacientes presentes.
Isto é um insulto, um absurdo; moro na maior cidade do país e por pior que seja, isso não acontece, pois conseguimos falar ao telefone com os atendentes e esclarecer dúvidas, aliás, precisei de atendimento e o médico me atendeu em seu celular no domingo, e uma minúscula cidade, não consegue realizar estes procedimentos.
Por todas essas negligências, mesmo sendo atendido na segunda-feira pelo médico e ter sido encaminhado com urgência para internação na Santa Casa de Leme, não deu tempo.
O sangue não tinha por onde correr, formaram bolhas ao retornar, pois todos sabemos que o sangue precisa circular e não tinha como, por essa razão, as bolhas se formaram e retornaram e ao retornar, estourariam em algum lugar.
Poderia ser no pulmão, ele ficaria sem ar, mas o oxigênio do hospital poderia salvá-lo talvez, poderia ter sido no coração e morrer, mas ela escolheu estourar lá no cérebro e ocasionar um DERRAME CEREBRAL, e o que temos de bom nisso??
Apenas rezar!!!porque esperar que o país que mais cobra imposto faça alguma coisa, é mais fácil Jesus Cristo voltar na Terra outra vez, porque, tratar alguém com respeito aqui, só se fossemos políticos, cantores de funk ou jogadores de futebol, sem esquecer do traficante, que é mais bem tratado do que qualquer um neste país.
Minha mãe nos ensinou que deveríamos sempre nos orgulhar da nossa Pátria.
E eu lhes pergunto...Que Pátria????
Eliana Fernandes
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